quarta-feira, 14 de março de 2018

o tradutor viaja

houve uma vez um tradutor. o tradutor se deparou com uma palavra muito esquisita no meio do texto. acabou que por anos e anos o tradutor perseguiu esta palavra. o sentido da palavra fugiu, e embora tivesse um primo inglês vivo, foi parar no norte da alemanha. o tradutor viajou até o interior da alemanha, onde encontrou antigos registros da palavra. no inglês a palavra queria dar a dizer algo como saciado. contudo, no interior do ex-mosteiro, ex-hospital de guerra, ex-restaurante chiquérrimo, ex-bordel, ex-museu, em terras germânicas, o texto dava a entender que ali indicava vontade de agir. seriam as planícies? o arroto específico do joelho de porco ao mel? mas o tradutor encucado não parou por aí. anos depois, descobriu um parente da tal palavra, um parente finlandês e viajou para a finlândia. a palavra fugida lá queria dizer inquebrável. por anos e anos o tradutor viajou em busca do sentido de sua palavra, e o sentido era sempre outro. em macal, havia uma irmã distante, furtada, que significava pote para guardar sopa, guardar e não comer - note bem. na américa, mais recentemente, a palavra quer dizer pessoa ingrata. um dia alguém levou o que restou desta palavra até a polinésia, que virou um espaço inconfundível por ser muito grande ou muito pequeno ou por apenas não existir o que não o impede de ser notado. sem se dar por realizado, deixando o texto incompleto no meio da tradução, um dia o tradutor cansou. abriu uma loja cujo o nome é a palavra fugida. pode-se dizer que o comércio não anda tão bem nas pernas. mas é inegável, vende muito no inverno.

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