terça-feira, 4 de abril de 2017

comer com os olhos

Imagine isto. Uma pessoa com habilidades além do comum em computação. Imagine isto. Esta pessoa tem o hobbie. Esta pessoa é um homem ou uma mulher. Não importa. Não muda nada. Esta pessoa consegue burlar servidores com a mesma habilidade que você tem de pegar no sono durante o trabalho. Durante a aula. Inclusive durante as aulas nas quais o professor é você. (você deveria dormir mais sabia? Já ouviu falar em erva cidreira? Não funciona é claro, mas todos nós deveríamos acreditar em alguma coisa). Imagine que esta pessoa criou seu próprio jogo de computador com cinco anos de idade, mas hoje nem gosta tanto de jogos, portanto a idade desta pessoa também não importa. Teve um dia na vida dessa pessoa que ela acessou os e-mails de Frances Hollande só para treinar o francês e de fato compreendeu mais do que achava que compreenderia o que fez gostar menos da Frankia em geral, mas ei, o fato é, esta pessoa fez isto facilmente, seria como alguém ler correspondências no correio apenas com visão raio-x, seria como, visitar o museu de madrugada sem acionar nenhum alarme, entrar dentro de um pesadelo de alguém e descobrir todas as vezes que você aparece seguido de um grito. Imagine isto. Todos os dias essa pessoa gasta muito tempo do dia em frente a um computador como quem olha o mar-aberto, e tudo é possível, pois o buraco de minhoca já foi domesticado ao ponto de ser possível viajar para qualquer canto do cosmos. Esta pessoa poderia ser rica, andar de avião de graça, pedir pizzas sem pagar, ou depor mais uma falsa democracia. Mas ao invés disso ela só faz coisas típicas da própria pessoa que ela é. Coisas como isto: quando chega perto da hora da janta essa pessoa gosta de hackear alguém, alguém que não conhece de verdade, apenas pela internet. Ela entra nos cookies, no celular, nas conversas de bate-papo com os amigos ou a família com o único intuito de saber o que eles irão cozinhar, qual vai ser a comida antes de dormir. Às vezes demora um pouco para descobrir, não é algo que você pode simplesmente perguntar, precisa ser indicado ou dito. Às vezes, pela fatura do cartão de débito dá para saber se essa pessoa comprou por exemplo, talharim, molho missô, ovos, já sabe-se que ela fará, ou tentará fazer, um lámen, pelo que já sabe-se dessa pessoa, por exemplo, a pessoa é fã de boo-joo. Outras vezes alguém só manda uma mensagem dizendo que vai fazer um frango frito e assim é mais fácil. Quando sente-se como vontade de ousar, aprender algo completamente novo, gosta de entrar no computador de alguém lá do outro lado do planeta, achado a esmo, Mali ou Malvinas, e aprender um prato novo que nem sabe o nome. Imagine isto. Essa pessoa, e sua noite, ambas passadas assim. Cozinhando em simultâneo com alguém, um solteiro, uma família, uma reunião de amigos, os vendo pela câmera cortarem as cebolas, fazerem o próprio molho branco, eles lá, e essa pessoa em sua própria cozinha, preparando a comida juntos. Imagine que esta pessoa isto é algo que a acalma e só. Não é porque sente-se sozinha, embora esta pessoa tenha poucos acompanhantes. Imagine que esta pessoa gosta do fato apenas e simplesmente de aprender receitas novas, e muito mais daquela frase que diz, a comida ela aproxima as pessoas.

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