domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Clandestina

Era de outro corpo o que tomava-a com sede de quem já nasceu querendo e morre como tal.Os olhos, abriu os olhos mas o visto fez que não viu; da cama via respiração fugir molhada vida-própria que chegava até ela por cima dos lençóis estranhos, impresões fauvistas com descaso com o real, tapetes sujos como a poeira dos que a respiram por hábito da tosse; não reconhecera a anatomia dos casamentos daquelas paredes, o hálito de guardado junto ao um sexo mal-feito não reconhecera, mulher essa de pouco falta pra trinta longe de casa não reconhecerá logo depois; muito menos as cobertas que não cobertavam, jogadas ao perto de uma paisagem de janela de velha novidade (atrás do vidro que suja como se respira, um prédio blábláblá barulho de motor de carro confundido com pretensão de sexo, pontes pros suicidas cordas pros altruísta e lá vai) o piso sem caricia de limpeza dividia espaço com estas sim, reconhecíveis, suas declaradas roupas mais limpas do que ela agora ela mesmo, mesmo que jogadas ao chão, mais desinfetadas até (quem sabe ela não); entre os quadros de expressionistas de segunda, de morte como a maior obra, contaminada por toda miséria e apelações das músicas ruins, toda a besteira de um rock que ressucita em amores mortos, baladinhas de colegial para quem nunca reviveu as décadas sessentistas do som confundido com música, música de fundo pra algum palco maior, desde a seleção de CDs disputando maior caos pelo tapete até o cinzeiro em carga máxima, sabia que alguma força julgadora permanecia sobre ela dizendo, ser ela mais errada do que ambos exemplos de desordem e falta de lugar, ou seja: um tudo absoluto que se apertava naquele apartamento do homem sem nome mas com seu corpo; que não era visita em sem calendário mas já estava de saída dos persuasivos dias de sua vida, que se mostrava apenas como um objetivo do que como uma realidade, resposta de significado no dicionário.Fechou os olhos antes de aderir a uma saída que tanto poderia ser uma porta de ferro ou uma janela no quarto andar que pouco importava, desde que a má memória não viesse com correntes maciças, daquelas que tem necessidade de fazer showbussnises de fofoca na sua consciência, impedindo ações diárias como lavar a louça e escrever um memorado, sem a ressaca vinda em arrependimentos simbólicos do tipo ‘droga’ seguido de um prato quebrado. Sentia que não lhe pertencia-lhes aqueles fluidos, pensara em devolve-los, podia ser um empréstimo ou um contrato, não lembrava mas recordava duns braços escorridos nos dela preenchidos, dum sufoco que a fazia respirar melhor e alto alto alto, e uma vozinha cochilante que sem olhadas declamava: lindalinda, que fazia ela que não era dessas estoneantes beldades existem por ai, um próprio exemplo da palavra em carne e só.Tinha aquilo um jeito de homem que antes não consiguia imaginar nem com o filme mais atrevido, desejo mais desbocado;via nos contornos daqueles formatos preenchimentos nunca sentidos, nos pelos extangeiros descoberta de possibilidades;afinal era todo um além-mundo que via-se pouco em comparação do que existia;permissão para correr pra onde batia a curiosidade e aquele corpo era a própria curiosidade a implorar por liberdade;sentiu-se livre acolhida e recolhida embaixo do que a comprime para que possa se expandir, e quando percebeu isso sem entender ao mesmo tempo travou.Era ela, em quarto que não dorme e língua que não fala, um custume de ser si própria;enquanto preparava-se para medir conseqüências com o inesperados e pagar todas suas contas de final de semana, num olho que num derrapar se fechou, num sossego aparente que na verdade abrigava uma dúvida, postou-se ao seu lado aquela curiosidade de encostas firmes; desenhos de músculos que a preenchem que a fazem sair da linha;promessa de coincidência de solidão e busca pra essa;o que podia ter todos defeitos da camada terrestre menos o de não ir àquela festa ontem anoite; ele alguém aquilo homem que voltou e acamou o corpo naquele colchão que também a separava do chão, a fazendo sentir estúpida e linda ao mesmo tempo, dona de um sexo imbatível e de oferenda, era ela também aquilo sem nome mulher,abasteceu-se de conformidade enquanto planejava levantar, juntar as roupas aterrisadas sobre o chão, lustrar o orgulho que agora começava a voltar junto com uma vaidade que aumentava mais e mais e uma memória que descarta sem ligar onde irão cair as sobras;foi a escapar daquela já passado quando, veio de trás o que depois confirmou, após a surpresa, o atraso do reconhecimento, ato que não devia nunca ter existido (agora mesmo não entendia mais aquele quarto nem nada que lá se guardava), muito menos ela, e isso agora, esse abraço.

Nenhum comentário: