quinta-feira, 6 de junho de 2013

bem que tentou Clarice não me amar
debaixo das medalhas
ervas pagãs
no cigarro apagado do
próximo fogo
mas seu desamor era engenheiro
duas cidades construiu
para a dar um começo
mas todas as ruas vinham até minha casa
bem que tentou Clarice esquecer minha casa
mas sua infelicidade
era uma motorista hábil
as duas jantavam no meu quarto
naquele tempo comíamos carne vermelha
a primeira vez que Clarice tentou me deixar
quem gritou foi sua sanidade
mas a sanidade de Clarice também a abandonou
depois de duas semanas de choro roxo entupido
extraí seu pequeno rio em minha cama
enquanto em coro o dia
caia lá fora
a segunda vez que Clarice tentou me deixar
quem foi embora foram seus olhos
ela voltava com a mão no rosto
fazíamos amor com
a mão no rosto
trocamos a o rosto pela mão
contávamos piadas para o escuro e quem
ria éramos nós
Clarice deixa os cabelos crescer
começa a fazer mímica e diz para eu ir embora
um lugar longe talvez Hungria
em Budapeste depois do um mês de aulas em húngaro
aparece imersa a casacos e mantas
às vezes acho que ela só queria era
passar férias na Hungria
Clarice vai para a natação e esquece de trazer vinho
junta as palavras de paixão que deixou
pelas estantes da sala
diz para eu esquecer o seu rosto
se passam três dias ela me liga para me perguntar
como é o seu rosto
bem que sabe Clarice que o melhor para Clarice
seria ela não me amar
não ler minhas cartas poemas que são só desculpas
não engolir meus beijos meus braços que são só desespero
mas o impossível sempre a caiu tão bem.

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