sábado, 14 de setembro de 2013
eu me preocupo com os pulmões dos fumantes
a primeira vez que eu sumi minha garganta ganhou um resort novinho em folha >qualquer pausa era férias e você vinha me visitar lembra> aquelas camas bem dobradinhas e a bagunça do sonho descartado fazendo resto no carpete> eu contava que uma floresta é como olhar uma fuga você dizia que gostaria de ser um marinheiro porque nunca acreditou que a cor branca é pura> ficavamos bem apertados colados> sua barriga era via de comunicação expressa com minha orelha e as pernas cabiam em três voltas no pescoço> nos guardávamos em armários gavetas de banheiro e bolsos de jaquelas feitas para dias de chuva> se por acaso um cliente fosse bonito como nos filmes que nossos pais não nos deixavam ver nós virávamos um botão a mais em suas bolsas e íamos embora com elas> um dia conhecemos uma mulher que havia perdido a vontade de convencer as pernas a dançar e agora tinha uma escola de dança> mesmo ela e as pernas não se dando nada bem memo ela> vocês brigaram quando fomos comer camarão com os dedos> você queria dizer para ela que não podemos confiar num dia que morre> que se até o céu aterrisa não há desculpa para largar a boca por aí> o desperdício adora ser família> ela nos deu a visão das costas irritada xingou nosso futuro todos os cinco mil e quinhentos> não tínhamos como pagar a conta> tivemos prometer dar ao chefe da cozinha ao dono do restaurante todas nossas roupas e figurinos do dias que virão> inclusive os que já foram como os de nossa infância> até mesmo aquelas fantasias da apresentação do País das Maravilhas dos 6 anos de idade> aquela que a professora de teatro foi logo expulsa do colégio> porque achou que sexo era uma brincadeira de criança> onde dois menininhos se beijaram porque um fazia papel de mulher e acreditou tanto tanto que virou um sonho próximo ao seu pescoço> desde aquele dia meu sonho tem muito a ver com as sobrancelhas dele> o fato é que tivemos que prometer doar todas nossas roupas> infelizmente mentimos tão bem que a verdade como sempre fora desnecessária> você lembra que aqueles dias naquele hotel era como acordar com a sede roubada por uma escavadora> acordar com um furo ao invés do olho> as coisas entravam e caíam para dentro desse poço desse olho se estrangando com a alturaqueda> afinal conhecer algo é estragar> mas então aconteceu toda aquela confusão toda aquela> pegamos carona com um carro verdeoliva renault anos 80 deluxe season> com um senhor que tinha uma sombra ao invés do rosto> então a estrada era cada vez mais deslizante zante zante zante tudo tão rápido> eu que pensei que morrer era uma piada> eu a que ria> eu lembro das curvas de sua testa sendo marionetes para o medo> vi teus todos seus dentes ao mesmo tempo pela primeira > você tinha cheiro de metal quente e parede antiga cheiro de assombração da última vez que vivemos> você lembra do caminhão parecia uma baleia ou lobo marinho> eu disse onde estamos mesmo onde fica o oceano> nunca pensei que um dia caberíamos dentro dos nossos olhos
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