1.
oi você não lembrará de mim amanhã. nunca nos conhecemos, isso é fato. mas semana que vem a previsão para o Marrocos é de ida. fazem dias confundo regatas com confessionários. tenho uma forte impressão de que em 1871 fomos amantes, onde você me comeu numa paisagem verde que depois de dois anos virou uma estrada. pode ser que nos matamos ao tentar trocarmos de pescoços, isso ainda é dúvida, a questão é que nunca me engano. pressentimentos são a base do suor. você é alta e eu tenho seios pequenos. podíamos ser guias turísticas em montanhas. eu estava lá quando de madrugada seu cabelo ganhou o rosto do close. irrefutavelmente combinamos. peço desculpas pelas mãos na garganta. prometo. deixo você falar só se mais tarde descutirmos o menu da janta. só se. qualquer coisa sempre teremos o arrependimento.
2.
oi. você provavelmente nunca viu uma ilha nascer ou levou meu rosto para passear em uma receita de boa vida. não lembra de Eva ou Lívia naquela festa da qual elas nunca saíram. você nunca transou com o tédio por paisagem. você nunca voltou com o deserto embaixo da língua depois de sair da casa de seus pais e qualquer palavra trocada com alguém escapava com pequenos grãos de areia, (que para o mundo microscópio atendem pelo nome de pedraas), que arranhavam completamente o rosto de seus ouvintes. você nunca esteve na Ilha da Madeira em 1987, fingindo gostar de frutos do mar por medo de desapontar seu anfitrião, um homem largo e arrogante porém com uma filha bonita. você nunca convidou alguém para um café na expectativa de engordar um esquecimento. ou estudou gastronomia curda por ver o estômago como proteção divina. você não estava no aeroporto Tom Jobim quando percebeu que quem chorava por um adeus pesado eram seus olhos e não você. ou tentou convencer alguém que era feliz só para não ficar no escuro sozinho. você provavelmente nunca leu Gombrowicz em uma situação de emergência ou achou que entendia todo o peloponeso por empatia a situação de estilhaço. provavelmente não era você presente em todas essas situações comigo mas mesmo assim gostaria de dizer que ontem a noite passei um sua casa e enchi sua geladeira com congelados sem glúten para que passe uma boa semana. se um dia nos conhecermos te conto de onde vem o que você come. prometo.
3.
oi tudo bem? só gostaria de dizer que tentei te conhecer. tentei te conhecer naquela viagem espiritual que você fez a Tiradentes mas não deu muito certo porque você me confundiu com uma garçonete. tempos depois comprei sua antiga casa de veraneio mas infelizmente só conheci sua conta bancária. eu estava lá no Supermercado Max & Co quando você comprou três uísques e muitos limões mas seus olhos estavam tão inchados que nem mesmo eu! te reconheci. gostaria de dizer que fui eu que acidentalmente deixei cair 50 pratas perto do seus pés naquele dia que você não tinha como voltar para casa. uma vez tentei te ligar mas na hora a vergonha mudou o conteúdo da minha voz: o jeito com o qual você me disse que não assinaria tv à cabo foi docemente magnífico. já tentei te deixar bilhetes no espelho do banheiro, mandar cartas para o século XVII, e-mails para uma manhã de trabalho mas você nunca me responde nenhuma palavra sequer. já tentei puxar conversa em meio ao trânsito das seis horas mas você escutava Leonard Cohen e não achei propício, anos depois, em uma festa vi você e seu cabelo auréola de novo mundo, mas você estava feliz demais. até houve uma vez que enfim tivemos mais contato: eu estava saindo de um bar quando você me confudiu com alguém. transamos por quatro horas depois fui embora e quando nos revimos você não me reconheceu. ainda pretende matar o trabalho para ir no cinema assistir Garrel? de qualquer forma nos vemos lá.
4.
oi tudo bem? não sei se tu lembra de mim te conheci em 1976 era
verão e tu usava uma gola em v verde com pipas laranjas enquanto
atravessava a rua. não sei se tu recorda, mas me marcou muito um cheiro
de ex-alecrim stripper. tenho a impressão que já te vi dentro de mim mas não confirmo. enfim. tu estás muito diferente nessa foto, mas,
topas um café?
5.
oi. nós nunca falamos diretamente mas preciso dizer. você precisa falar para sua amiga parar de beber tanto. e dizer a Otávio que Marta não presta ( já passam de nove os amantes sendo dois os abortos confirmados). também acho sua mãe neurótica. e que sua tia já deve ter sido lésbica por 1972 ou 73, por aí. você tem que parar de esquecer as chaves de casa toda vez que vai no banheiro de alguém recém conhecido. comprar urgentemente mais um casaco de inverno porque seu único tem um furo que equivale a Índia para as formigas. pelo o que eu entendi seu LDL está alto então evite massas folheadas. na última foto que tirei de você estava muito pálida, faz um ano e pouco que não vai ao médico, não custa nada relembrar dos rins. qualquer coisa meu número é 8967392. se você desmaiar lembre de mim no sonho: sou morena com cabelos pretos e lisos, olhos melados com amarelo. quem sabe nos leve para conhecer a história da escócia quando nos imaginar por lá. seu minguinho esquerdo é muito bonito. naquele acidente peguei parte dele. a última imagem antes do sono é ele iluminado pelo abajur. se cuide e fique bem. por favor.
domingo, 15 de setembro de 2013
desconfia que há uma hora específica que o tempo nunca marca e confia fielmente nisso. por isso no dia que é hoje decide abdicar de suas habituais frequências. não deixará os olhos em prateleiras. não colocará selos em qualquer palavra. não amará duas vezes uma mesma tentativa. está absolutamente convencida de que embora seus ancestrais ou contemporâneos não tenham percebido existe sim uma falha exuberante nesse sistema de contagem - observando melhor o mundo dos relógios tudo ali é uma aventura para o erro - basta alguns graus de concentração, um desperdício atento e o princípio de atenção de uma guerra talvez para poder denunciar sua inútil imperfeição.
não irá regar as plantas da casa de Vilma, a senhora com os parentes irreais que agora está a fazer uma viagem inexistente
não irá regar as plantas da casa de Vilma, a senhora com os parentes irreais que agora está a fazer uma viagem inexistente
sábado, 14 de setembro de 2013
eu me preocupo com os pulmões dos fumantes
a primeira vez que eu sumi minha garganta ganhou um resort novinho em folha >qualquer pausa era férias e você vinha me visitar lembra> aquelas camas bem dobradinhas e a bagunça do sonho descartado fazendo resto no carpete> eu contava que uma floresta é como olhar uma fuga você dizia que gostaria de ser um marinheiro porque nunca acreditou que a cor branca é pura> ficavamos bem apertados colados> sua barriga era via de comunicação expressa com minha orelha e as pernas cabiam em três voltas no pescoço> nos guardávamos em armários gavetas de banheiro e bolsos de jaquelas feitas para dias de chuva> se por acaso um cliente fosse bonito como nos filmes que nossos pais não nos deixavam ver nós virávamos um botão a mais em suas bolsas e íamos embora com elas> um dia conhecemos uma mulher que havia perdido a vontade de convencer as pernas a dançar e agora tinha uma escola de dança> mesmo ela e as pernas não se dando nada bem memo ela> vocês brigaram quando fomos comer camarão com os dedos> você queria dizer para ela que não podemos confiar num dia que morre> que se até o céu aterrisa não há desculpa para largar a boca por aí> o desperdício adora ser família> ela nos deu a visão das costas irritada xingou nosso futuro todos os cinco mil e quinhentos> não tínhamos como pagar a conta> tivemos prometer dar ao chefe da cozinha ao dono do restaurante todas nossas roupas e figurinos do dias que virão> inclusive os que já foram como os de nossa infância> até mesmo aquelas fantasias da apresentação do País das Maravilhas dos 6 anos de idade> aquela que a professora de teatro foi logo expulsa do colégio> porque achou que sexo era uma brincadeira de criança> onde dois menininhos se beijaram porque um fazia papel de mulher e acreditou tanto tanto que virou um sonho próximo ao seu pescoço> desde aquele dia meu sonho tem muito a ver com as sobrancelhas dele> o fato é que tivemos que prometer doar todas nossas roupas> infelizmente mentimos tão bem que a verdade como sempre fora desnecessária> você lembra que aqueles dias naquele hotel era como acordar com a sede roubada por uma escavadora> acordar com um furo ao invés do olho> as coisas entravam e caíam para dentro desse poço desse olho se estrangando com a alturaqueda> afinal conhecer algo é estragar> mas então aconteceu toda aquela confusão toda aquela> pegamos carona com um carro verdeoliva renault anos 80 deluxe season> com um senhor que tinha uma sombra ao invés do rosto> então a estrada era cada vez mais deslizante zante zante zante tudo tão rápido> eu que pensei que morrer era uma piada> eu a que ria> eu lembro das curvas de sua testa sendo marionetes para o medo> vi teus todos seus dentes ao mesmo tempo pela primeira > você tinha cheiro de metal quente e parede antiga cheiro de assombração da última vez que vivemos> você lembra do caminhão parecia uma baleia ou lobo marinho> eu disse onde estamos mesmo onde fica o oceano> nunca pensei que um dia caberíamos dentro dos nossos olhos
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
cidade das baleias
4.
seu gravador acordou gordo dor de barriga. dentre as bordas de seu recheio estomacal frases como: "queria não ter sentido o sonho dentro de John Crowford" ou "como você disse que se chama mesmo?". Ele, ao contrário dela seja ela o lugar qualquer onde esteja agora, recorda tudo. ontem saíram os dois - e num bar local estacionado em grama fofa - a deram uma garrafa de popka. na primeira dose ela mentiu que era prima distante da Albânia. na terceira que era a Albânia. e depois esqueceu de regar um outro pensamento - só os mortovivos viam à tona - nem de desligar o pobre ela se deu conta e nisso deu: a noite inteira com os ouvidos abertos remando trabalho. em dias como esse, ele o gravador, tem saudade de sua velha vida. embora alérgico a areia, embora descrente do sol "era tão bom aquilo", aqueles dias de morar na bolsa de um arqueólogo.
seu gravador acordou gordo dor de barriga. dentre as bordas de seu recheio estomacal frases como: "queria não ter sentido o sonho dentro de John Crowford" ou "como você disse que se chama mesmo?". Ele, ao contrário dela seja ela o lugar qualquer onde esteja agora, recorda tudo. ontem saíram os dois - e num bar local estacionado em grama fofa - a deram uma garrafa de popka. na primeira dose ela mentiu que era prima distante da Albânia. na terceira que era a Albânia. e depois esqueceu de regar um outro pensamento - só os mortovivos viam à tona - nem de desligar o pobre ela se deu conta e nisso deu: a noite inteira com os ouvidos abertos remando trabalho. em dias como esse, ele o gravador, tem saudade de sua velha vida. embora alérgico a areia, embora descrente do sol "era tão bom aquilo", aqueles dias de morar na bolsa de um arqueólogo.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
vamos falar de estômago
um grito
deu duas voltas na casa e aterrissou no centro da mesa > todos estavam
proibidos de se levantar> até que a refeição até que não tivesse mais
refeição jantar> dizia o grito> eram uns 4 ou cinco> em processo ou produção prefácio de
amigos> suas idades não combinavam altura> mas as cabeças conheciam o
teto>um parecido sem forro e com cheiro de maduro sem prova> um deles Vitor> pintor ou talvez desconhecido> de fato era gordo de
relance> não parecia se importar> falava de figos que na infância
adorava> mas hoje, terremotos no ventre só de imaginar> perto dele >Clea> não
parava de conversar> o que é estranho porque o que? há dois meses não comia> supostamente o pai era
para ser curandeiro ao invés disso virou uma foto> ela contava de quando
plantou oliveiras na tunísia mas nunca as chegou a vê-las realmente> e hoje isso é a
tunísia> cadê tunísia?>por saudade não se refiria a nada duas vezes> na coreia como
estaria o sexo> comentou arthur> ao perceber o assunto ganhando limbo mudou
assunto>Arthur que ao falar de sexo na verdade falava dos figos> os figos de Vitor
falava de terremotos falava de ventre e não queria imaginar> Arthur nunca
haverá em Arthur uma tunísia> que triste sabia Clea> mas não arrotava denúncia > hoje já não sei acordar como antes> hoje só
durmo no chão> deixa escapar Lúcia> a confissão piora> saio com homens
e mulheres> digo que vou os levar ao chão> aos pés> e e os levo
mesmo> mas não do jeito que invetam> tenho medo de altura e por isso no quarto meu quarto não tem cama> só posso dormir em casa> de sexo gosto> mas só embaixo bem
embaixo> equilíbrio em todos os lados> todos são silêncio e qualquer escape deslize é vulgar>passam-se dias> semanas> anos> o presidente muda> o mar vira nuvem e mar de novo> quando a comida ficará
pronta> vitor pergunta> ele que é gordo> ele que adorava figos> mas
hoje não transa> mas na verdade transa muito mais do que pensam> quem fez
a comida pergunta Lúcia> quem irá trazer a janta diz Clea> Vitor lha para
Clea> quantos anos faz que não ela não fode> pensa mas não diz> já é gordo
mas não indelicado> daí já é demais> quem finge que não ouviu o
pensamento de Vitor é Arhur> ele evita olhar para Clea> não quer passar o
recado outro o errado> ele não transará com ninguém hoje> muito menos levará um cu na memória na casa> ainda mais com
ela a pena máxima> ele não transaria nem com o próprio pau> na verdade
gosta mesmo é da vida dos sabonetes e não o contrário> Lúcia só escuta> e aperta os bicos dos seios para amansar um frio na barriga> nas pernas> na tudo> então é isso Vitor
acusa> não há comida não há janta e não podemos sair da mesa> Arthur os
lembra> nunca saíram jamais dessa mesa> as pernas estão dormentes> é mesmo> concordam as
mulheres> enquanto comem a fome> juntos comem a fome> até Vitor tirar do bolso> uma trufa> e comer sozinho> devagar.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
cidade das baleias
1.
na chegada não perguntaram sobre seus bolsos : o que levavam ou esqueciam. um asiático - fã de árvores magras e medo portátil (tom jobim) a buscou na rodoviária. "tudo o que você precisa saber aqui é que não importa aonde esteja, as garças chegaram primeiro". o sol destemperou a conversa e na sombra em falta tal realidade perdeu os pés. havia só uma rua. nessa rua só uma direção. "telefones, há não"contou a sobrancelha salgada do homem. ela se sacudiu, alguns nomes cairam, um juntou do carpete e entregou para a recepcionista do hotel. ela sentia que sua mala era diversão para o chão. no ouvido esquerdo um zumbido. do seu quarto se via o mundo quando se deita.
2.
um senhor, um de grandes longitudes, a pergunta o que faz. "estudo grosálias marinhas" responde. é cedo, é café, é da manhã o café e o continente nunca retorna ligações. o homem tinha jeito de quem não sabia mais ouvir sobre o mar. não retornou o convite aos olhos dela, com um guindaste no rosto se serviu na mesa de frutas, quando comia uma fruta com romã, uma parte da boca se concentrava somente em se apoiar nos cotovelos do ar, e justamente por essa gruta natural, o sabor transparente escorria. aquela deveria ser a feição da falta de interesse.
3.
no primeiro dia ela conta ao gravador "até agora, não identifiquei nenhuma grosália marinha". Não o diz - par exemple - que tem medo de mergulhar; que depois de molhada tem medo: nunca secar completamente. ali é a colina Cascatu, e sua parte mulher sente a perna esquerda fraquejar ao lidar com a ausência de nuvens. quase que explica, é apenas a diferença de temperatura, ou o cansaço, que na última mudança guardei abaixo da cintura. mas não há ninguém por perto e são nessas situações que ela, a perna, perde o controle de seu humor.
4.
seu gravador acordou gordo e com dor de barriga. dentre as bordas de seu recheio estomacal frases como: "queria não ter sentido o sonho dentro de John Crowford" ou "como você disse que se chama mesmo?". Ele, ao contrário dela, seja ela o lugar qualquer onde esteja agora, recorda tudo. ontem saíram os dois - e num bar local estacionado em grama fofa - a deram uma garrafa de popka. na primeira dose ela mentiu que era prima distante da Albânia. na terceira que era a Albânia. e depois esqueceu de regar um ou outro pensamento - só os mortovivos vinham à tona - nem de desligar ele, o pobre, ela se deu a lembrança e o resultado foi isso: pela noite inteira com os ouvidos abertos ficou remando trabalho. em dias como esse o gravador tem saudade de sua velha vida. embora alérgico a areia, embora descrente do sol "era tão bom aquilo", aqueles dias de morar na bolsa de um arqueólogo talvez tenham sido os melhores. dói muito levar por dentro o que para outros desvirou até mesmo recordação. hoje cabe a ele restabelecer a manhã.
na chegada não perguntaram sobre seus bolsos : o que levavam ou esqueciam. um asiático - fã de árvores magras e medo portátil (tom jobim) a buscou na rodoviária. "tudo o que você precisa saber aqui é que não importa aonde esteja, as garças chegaram primeiro". o sol destemperou a conversa e na sombra em falta tal realidade perdeu os pés. havia só uma rua. nessa rua só uma direção. "telefones, há não"contou a sobrancelha salgada do homem. ela se sacudiu, alguns nomes cairam, um juntou do carpete e entregou para a recepcionista do hotel. ela sentia que sua mala era diversão para o chão. no ouvido esquerdo um zumbido. do seu quarto se via o mundo quando se deita.
2.
um senhor, um de grandes longitudes, a pergunta o que faz. "estudo grosálias marinhas" responde. é cedo, é café, é da manhã o café e o continente nunca retorna ligações. o homem tinha jeito de quem não sabia mais ouvir sobre o mar. não retornou o convite aos olhos dela, com um guindaste no rosto se serviu na mesa de frutas, quando comia uma fruta com romã, uma parte da boca se concentrava somente em se apoiar nos cotovelos do ar, e justamente por essa gruta natural, o sabor transparente escorria. aquela deveria ser a feição da falta de interesse.
3.
no primeiro dia ela conta ao gravador "até agora, não identifiquei nenhuma grosália marinha". Não o diz - par exemple - que tem medo de mergulhar; que depois de molhada tem medo: nunca secar completamente. ali é a colina Cascatu, e sua parte mulher sente a perna esquerda fraquejar ao lidar com a ausência de nuvens. quase que explica, é apenas a diferença de temperatura, ou o cansaço, que na última mudança guardei abaixo da cintura. mas não há ninguém por perto e são nessas situações que ela, a perna, perde o controle de seu humor.
4.
seu gravador acordou gordo e com dor de barriga. dentre as bordas de seu recheio estomacal frases como: "queria não ter sentido o sonho dentro de John Crowford" ou "como você disse que se chama mesmo?". Ele, ao contrário dela, seja ela o lugar qualquer onde esteja agora, recorda tudo. ontem saíram os dois - e num bar local estacionado em grama fofa - a deram uma garrafa de popka. na primeira dose ela mentiu que era prima distante da Albânia. na terceira que era a Albânia. e depois esqueceu de regar um ou outro pensamento - só os mortovivos vinham à tona - nem de desligar ele, o pobre, ela se deu a lembrança e o resultado foi isso: pela noite inteira com os ouvidos abertos ficou remando trabalho. em dias como esse o gravador tem saudade de sua velha vida. embora alérgico a areia, embora descrente do sol "era tão bom aquilo", aqueles dias de morar na bolsa de um arqueólogo talvez tenham sido os melhores. dói muito levar por dentro o que para outros desvirou até mesmo recordação. hoje cabe a ele restabelecer a manhã.
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