A mulher saiu de casa esquecendo-se do fim de sua chegada. Seguiu a risca os mandamentos da coluna assim como obedeceu o risco dos dias de chuva. Entrou em duas poças de água. Entrou em dois olhos azuis. Entrou em algumas centenas de nuvens de fumaça. A mulher não havia levado luvas, guarda-chuva ou sequer bons pensamentos. Costumava ver tudo como geometria, a da brisa por exemplo, era a forma da lâmina. A mulher que saiu para achar não teve o que queria. Primeiro vieram as lancherias. Depois vieram as surpresas da esquina, como galhos caídos e instabilidades da superfície. Depois um conhecido, que recentemente voltou de Malta. Escorregou pela conversa ruim de senhoras idosas na frente da previdência. Se encarregou de imaginar o filho bêbado do motorista que pelo que enganchou da sua conversa com o cobrador “está como se equilibrar em paredes”. Expandida mas não completa, relinchou um sorriso que eu vi sim senhora. A mulher desafogou-se, e já chegando em casa, lembrou que esqueceu o motivo de enfrentar a chuva, a idade, a metrópole azul. “Menos uma coisa” – pensou, e girou a chave, satisfeita.
2.
A mulher saiu de casa, mas a casa não saiu da mulher. O bolor da casa prosseguiu, o gélido do espaço cama-entre- chão, continuou. A mulher tinha tido até o instante 43 tentativas. Todas estacionadas em vagas proibidas. A mulher tinha uma cota diária de lenha para aquecer futilidades. A mulher tinha tios fantasmas em épocas de sonhos fortes. Se foram todas as abordagens do interesse. Todo dia escuta sons que vem no campo, embora more na cidade, todo dia reza com os olhos abertos e alto, como se num palanque. Os cabelos envelheceram a idade, ninguém adota culpa por nascimentos. Especialmente, os da morte. Só assim mesmo, pra mulher sair de casa.
3.
A mulher saiu de casa na calada. Pés de gelo, fortificavam a imagem do todo, corpo de avalanche. A mulher fugia. Contaram uns, quando em namoro com o álcool. A mulher se esquecia de interpretar - garantiam os donos de poses com cabeça cheia. A mulher mudou a casa de lugar. Afirmavam os passantes, sempre os mais atentos. A mulher não achava justo usar martelos pra feitura dos quadros. Fazer estratégia em dias muito claros. Esconder as palavras por garantia. Ficaram os parentes a dedilhar restos nas roupas que continuaram, nos objetos de higiene. Ficaram os cães a latir e dormir, como sempre fazem os cães, independente das molas do mundo. “O jeito que a gente apaga é escrevendo” – o vigilante da madrugada garante ter ouvido, enquanto, pasmem, a mulher se preocupava em lacrar a porta da casa da qual nunca voltaria a estar, mas conferiu todas tranas, das janelas, portas, de todo andar, antes de meter-se a partir para sua vontade vencedora e cheia de si. Reluzente.
4.
A mulher saiu de casa por um mínimo instante, um assombroso meio metro quadrado de tempo, imperceptíveis gemidos de passagem na idade, e retornou com os dois pés paralelos na sala, intacta. Pra ela era mais interessante abrir os fogos de artifício na casa, celebrar o que mais se ama – e quem sabe- depois construir um jardim – com lâminas e pedregulhos, do que resta. “O que é bom tem luz própria - explode”, bonito são os cacos. Os da casa dela, vooaram alto, caíram os pequenos asteróides nos telhados dos vizinhos – causaram buracos incendiosos. A mulher sorriu.
2.
A mulher saiu de casa, mas a casa não saiu da mulher. O bolor da casa prosseguiu, o gélido do espaço cama-entre- chão, continuou. A mulher tinha tido até o instante 43 tentativas. Todas estacionadas em vagas proibidas. A mulher tinha uma cota diária de lenha para aquecer futilidades. A mulher tinha tios fantasmas em épocas de sonhos fortes. Se foram todas as abordagens do interesse. Todo dia escuta sons que vem no campo, embora more na cidade, todo dia reza com os olhos abertos e alto, como se num palanque. Os cabelos envelheceram a idade, ninguém adota culpa por nascimentos. Especialmente, os da morte. Só assim mesmo, pra mulher sair de casa.
3.
A mulher saiu de casa na calada. Pés de gelo, fortificavam a imagem do todo, corpo de avalanche. A mulher fugia. Contaram uns, quando em namoro com o álcool. A mulher se esquecia de interpretar - garantiam os donos de poses com cabeça cheia. A mulher mudou a casa de lugar. Afirmavam os passantes, sempre os mais atentos. A mulher não achava justo usar martelos pra feitura dos quadros. Fazer estratégia em dias muito claros. Esconder as palavras por garantia. Ficaram os parentes a dedilhar restos nas roupas que continuaram, nos objetos de higiene. Ficaram os cães a latir e dormir, como sempre fazem os cães, independente das molas do mundo. “O jeito que a gente apaga é escrevendo” – o vigilante da madrugada garante ter ouvido, enquanto, pasmem, a mulher se preocupava em lacrar a porta da casa da qual nunca voltaria a estar, mas conferiu todas tranas, das janelas, portas, de todo andar, antes de meter-se a partir para sua vontade vencedora e cheia de si. Reluzente.
4.
A mulher saiu de casa por um mínimo instante, um assombroso meio metro quadrado de tempo, imperceptíveis gemidos de passagem na idade, e retornou com os dois pés paralelos na sala, intacta. Pra ela era mais interessante abrir os fogos de artifício na casa, celebrar o que mais se ama – e quem sabe- depois construir um jardim – com lâminas e pedregulhos, do que resta. “O que é bom tem luz própria - explode”, bonito são os cacos. Os da casa dela, vooaram alto, caíram os pequenos asteróides nos telhados dos vizinhos – causaram buracos incendiosos. A mulher sorriu.
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