Se você visse meu cachorro agora. Tomando a arquibancada dô mundo. Apostando. O dia aguarda a facada que é a marcação do final de turno. Atrasada demais para meu cachorro. Ele me aguarda na porta do serviço, triste. Não quer saber de retícula de notícia. Das desculpas que arrisco às bibliotecárias. Me conhece o danado. Olha para mim. Sim cachorro, eu estou viva. Conforta-se com um instante de certificação e parte pra casa. Não confia em mim de proteção. Meu cachorro me aguarda, no meio do caminho. Patas intranqüilas no degrau, rabo ventilador, cansado de esperar. Ter que me buscar na noite assaltada por dificuldades. De novo, me vê e parte. A, se você pudesse ver ele antes. Deita no tapete, já fez seu trabalho, que desastre devo ser pra sua vida, pra que tanta preocupação. Eu olho. Mas olho reto, sem desvios, para ele ter certeza. Ele fingi-se desentendido. Sou um cachorro, desconcentrado, sabe que não entendo nada. Olha para um canto, limpa com os olhos toda janela das vistas. Desiste e se levanta, coitado. “vamos” eu digo acrescentando pressa. Ele levanta-se, me ultrapassa e sobe as escadas. e eu muda. Sabe que não ganhará muito com isso mas interpreta igual, nada mais a se fazer. Já no andar de cima, lanço algumas desculpas. Procuro amaciar orelhas, ele desdenha. Já está farto de meu discurso, das promessas tantas. Abro o refrigerador, peço para sentar. Apelo para desespero, lhe ofereço uma bolacha. Ele não vibra um músculo. Nem sequer salienta as despintadas narinas. Meu cachorro não agüenta mais meus costumes. Sou previsível. Mas lhe dou a bolacha, é óbvio. Ele mastiga, devagar, como nenhum animal do mundo faria. Digo que gergilim faz bem para o intestino e finjo ficar feliz por ele não devorar rápido todo volume da minha oferta. Alerto: limpe tudo, e aponto ao chão. De novo, finge não compreender. Dura pouco. Lambe as migalhas do piso apenas enquanto fiscalizo.
Mas o pior momento, o resfriado momento mesmo, o viral do gripal, é quando meu cachorro, depois de ter checado todo apartamento, identificado todos novos objetos, localizado os ausentes, mapeado a bagunça, não vai embora. E eu penso, cachorro, minha irmã menor está lá embaixo, na fase da reticiência, você não vai cuidar dela? Ele deita perto da escada. E eu penso, cachorro, porque tu se deitou e não fechou os olhos? Porque me observar tão insinuoso e desconfiado? A, se você visse me cachorro agora. E eu me finjo de desentendida. Pareço desconcentrada, olho par um canto, varro o entendimento para os laços da parede. Sabe que não sei de nada, não raciocino muita coisa. O cachorro me olha, sem deslizes. Abro o computador, abro uma cerveja, mexo nos rascunhos. Ele se mantém. Firme. Deitado, mas, de olhos abertos. Ao lado da escada. Como que clama: me diga agora. Fale tudo. Eu sei, o que está passando, mas é verdade? Não acredito. Desminta. Se for eu vou embora. Estou a um passo do primeiro degrau. Como me lembrasse. Olhe para mim e veja essa tua vida que só se recicla para virar madeira de cerca. Meu cachorro, se vocês o conhecessem. Ele é tão depressivo. Pouca coisa o alegra. O demos roupas. Ele rasgara todas e só depois desse menosprezo, as vista. Pensei, mas que solidão meu senhor. Lhe dei um gato para fazer companhia. Ele o gosto de um jeito estranho, o dando suprema liberdade,nem bola. Estava demais ocioso, o dei uma ocupação: entregador de papel higiênico nos banheiros, vigia noturno. Mas nem a fofoca dos galhos e do vento o faziem latir. E agora, ele afirma com os lábios caídos, deixe eu te reconhecer e entender o que se sucedeu. Então é mesmo o que me contaram. Olhe para mim e veja você.
Fumo um cigarro. Penso no que fazer antes que a cama cobre minha fiança. Vou até os livros. “Olhe que ridículo você parado. Não me dá um abraço nem nada. É só mais um que me critica” Vou até ele. Meu cachorro está rodeado de livros. Ele sabe Ele sabe dos livros. Não se move, não tem curiosidade. Juntou todos os triângulos, descobriu a deformação. Não há surpresas para meu cachorro em relação a mim. Chego perto perto, seduzindo-o para um carinho, uma roçada de pelo na minha perna, que seja. Nós somos esse silêncio complacente. Meu cachorro percebe que eu entendi, não há mais nada a se fazer, é uma bocadinha de pena. Ele espera eu começar a escrever esse texto, e der repente, se distância por entre as curvas da escada metálica. Magoada, sou orgulhosa. Não grito, exijo socorro. Finjo que choro, choro alto com nó na garganta, feito fazem os cachorros. Ele ignora, é preciso ir embora.
Pouco antes de me dar conta de sua ausência, percebo, eu e meu cachorro nos conhecemos muito bem, percebo, eu realmente estava falando com meu cachorro. Ele, respondendo. Meus pelos pressentem tudo. Nem a fofoca dos galhos e dos ventos nos fazem latir.
Se você me visse agora.
Mas o pior momento, o resfriado momento mesmo, o viral do gripal, é quando meu cachorro, depois de ter checado todo apartamento, identificado todos novos objetos, localizado os ausentes, mapeado a bagunça, não vai embora. E eu penso, cachorro, minha irmã menor está lá embaixo, na fase da reticiência, você não vai cuidar dela? Ele deita perto da escada. E eu penso, cachorro, porque tu se deitou e não fechou os olhos? Porque me observar tão insinuoso e desconfiado? A, se você visse me cachorro agora. E eu me finjo de desentendida. Pareço desconcentrada, olho par um canto, varro o entendimento para os laços da parede. Sabe que não sei de nada, não raciocino muita coisa. O cachorro me olha, sem deslizes. Abro o computador, abro uma cerveja, mexo nos rascunhos. Ele se mantém. Firme. Deitado, mas, de olhos abertos. Ao lado da escada. Como que clama: me diga agora. Fale tudo. Eu sei, o que está passando, mas é verdade? Não acredito. Desminta. Se for eu vou embora. Estou a um passo do primeiro degrau. Como me lembrasse. Olhe para mim e veja essa tua vida que só se recicla para virar madeira de cerca. Meu cachorro, se vocês o conhecessem. Ele é tão depressivo. Pouca coisa o alegra. O demos roupas. Ele rasgara todas e só depois desse menosprezo, as vista. Pensei, mas que solidão meu senhor. Lhe dei um gato para fazer companhia. Ele o gosto de um jeito estranho, o dando suprema liberdade,nem bola. Estava demais ocioso, o dei uma ocupação: entregador de papel higiênico nos banheiros, vigia noturno. Mas nem a fofoca dos galhos e do vento o faziem latir. E agora, ele afirma com os lábios caídos, deixe eu te reconhecer e entender o que se sucedeu. Então é mesmo o que me contaram. Olhe para mim e veja você.
Fumo um cigarro. Penso no que fazer antes que a cama cobre minha fiança. Vou até os livros. “Olhe que ridículo você parado. Não me dá um abraço nem nada. É só mais um que me critica” Vou até ele. Meu cachorro está rodeado de livros. Ele sabe Ele sabe dos livros. Não se move, não tem curiosidade. Juntou todos os triângulos, descobriu a deformação. Não há surpresas para meu cachorro em relação a mim. Chego perto perto, seduzindo-o para um carinho, uma roçada de pelo na minha perna, que seja. Nós somos esse silêncio complacente. Meu cachorro percebe que eu entendi, não há mais nada a se fazer, é uma bocadinha de pena. Ele espera eu começar a escrever esse texto, e der repente, se distância por entre as curvas da escada metálica. Magoada, sou orgulhosa. Não grito, exijo socorro. Finjo que choro, choro alto com nó na garganta, feito fazem os cachorros. Ele ignora, é preciso ir embora.
Pouco antes de me dar conta de sua ausência, percebo, eu e meu cachorro nos conhecemos muito bem, percebo, eu realmente estava falando com meu cachorro. Ele, respondendo. Meus pelos pressentem tudo. Nem a fofoca dos galhos e dos ventos nos fazem latir.
Se você me visse agora.
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