quarta-feira, 14 de julho de 2010

julho dos mantras incompreensíveis

à L.H.

Logo tudo isso vai passar, essa plenitude de abalos, marasmo no paralelo do desassossego. Você vai observar os monstros fazerem dieta, e eles realmente diminuíram de tamanho, acompanhará de perto a boa educação das manhãs, e derrepente ela terá lindos olhos, de profunda segurança. Vai ser ir o tempo que essa cidade era o cenário de uma exumação, a sua, todos os santos ofereceram ajuda em um café e você responderá que seria desperdício de milagre, pois tudo estará bem. Grande coisa se o vento tem outros planos para o seu penteado, desviando-o em rodopios, gerados de futuros atrasos no banheiro.

Encarará as mudanças de hábito e de estação com devolução de ares, suspiros. As pessoas falaram pra você “quanto está mudada” e ficará triste por elas realmente não te conhecerem mas nem liga. Há muito para se pensar quando o seu banco da praça preferido, aquele com todas as madeiras verdes no lugar, debaixo da figueira e do monumento à Mario Quinta, está vazio demostrando a dedicação de vê-la de novo. Nessas horas, na folga do almoço você lerá os poetas modernistas ignorando a renite, as passarela de almas barulhentas na avenida, o acasalamento das pombas em uma distância próxima,e principalmente, os afrescos de memórias recentes, que embora emolduradas e já a venda, cismam que ainda não estão acabadas.

Aproveitara as tardes com leveza do tecido das águas, quando em dias calmos. Imaginará que ela é uma tia velha e sozinha, esforçando-a para diverti-la o máximo e mostrar como os prédios foram feitos pelos fãs de pipa e como é preciso apalpar com os pés as lajotas da calçada para que não cresçam e formem muros nada simpáticos. Aos seus amigos, ensinará a política dos abraços na chegada, e dois na despidida, um a mais caso demorem para se ver. Com sempre, alguns deles estaram mais cansados do que o normal, pois de olhos fatigados gastaram energia para caçar novos frustrações. Você responderá com madressilvas e um balde de auto-ironia, descarga de choques. O transito afogado que devia a levar ao centro vai dar tempo de sobra para pensar numa carta que deve ganhar vida, e que ganhará quando chegar em casa e se derreter em uma escrivaninha, compenetrada na missão do exagero das palavras. Depois sua criação boiará numa mochila, esperando a decisão de imigrar ou não para o destino primeiro pensado.Você discorda do destinatário e resolve mudá-lo, adicionando a palavra amor no início do texto. Nós, os usufruidores de amor constante, sempre compramos roupa além do número esperando crescer e crescer, sempre lembramos de regar as samambaias e meditar sobre os peixes, caricaturar o invisível para ter um anúncio de esperança, sempre damos atenção a gota da gota, raspamos o pote até um cansaço. Você não foge a regra. Possui em descências de vida, a vontade maciça de conhecer acimentado, submergir naquele ato desaforado que foi um beijo a três, vocês dois e a incomoda imaginação. Que se dane a realidade, você vestirá pantufas e saíra no meio do lamaçal procurando gosto de ternura. Não há temo ruim, no outono a folhas ficam mais perto de nós e só.

Não impedirá a altura de conquistar novas vitimas, sempre traduzindo vicissitudes com a eloqüência do primeiro olhar, pegará aviões e as auto-estradas, as câmaras escuras e os mirantes ribeirinhos, reconhecerá um fio de felicidade pela capacidade de depois de se ruir e fatigar, virar gente decidida. As incertezas que se danem, são como aquele cubo mágico, quanto mais se pensa pior fica, e quem decifra é louco atestado e sem reparação.Não se rebaixará nem para os pequenos mistérios, portas de ferro, toneladas e toneladas de espessura, que sem desistir ficará batendo palma e dizendo, alguém aí, alguém aí, a sua curiosidade são os degraus da escada de sua determinação ferrenha. A cidade, você a verá com mais surdez. Perdoará os apertões de junho, como a velocidade da atmosfera, e a visita do que é sempre marginal, a angustia do sol tapado. Tudo vai ficar bem. Ataques de euforia sem controle do bom senso, nos atacaram em cheio, num bar, reunião matinal, numa refeição, e eu te olharei para tu saber que aí eu estaciono e fico, o quanto essa vida desejar, o quanto essa vida rodopiar em rotas obliquoas. Por entendimento, dispensarei o eu te avisei, e tu dispensara o obrigada, apenas reafirmando o gosto pela paleta de cores que antes pensava apenas serem cores quentes e frias, pouca liberdade para a imaginação. Nunca mais tocaremos no assunto mas lembrarei do dia em que sua ternura voltou a se apresentar com um sorriso fiel, aberto aos extremos da vida, as escalas de sinceridade.

Na noite que se instalava, sentou-se automática e de quebra-rotina em uma mureta na entrada da faculdade. Era inverno mas estava quente, e uivo em força de vento que chegava arrebentado, fazia serviço ao seu bem-estar, a fuga de calor era de boa-fé. Imadiatamente, se viu no campo, tonalidades marrons, entre os verdes do verão, com as montanhas a contornando assim, essencial e bonita. Era inverno. e o céu escuro acelerava em brilho, anunciando clareza no avanço do calendario. Percebeu que aquela memória não era sua, as bromelias e os bichos passaros, o gosto da agua sem gosto da nascente deveria ser de um alguém balsamico. Talvez era até uma lembrança de um filme, uma peça, ou até mesmo, dele. Era inverno do ano passado e você me dizia, agora tudo estava bem, olhos enxugados a pouco conservando-me do espetaculo.Engraçado essa coisa menina, que você tem, de ter de se esconder para fazer surpresa, se embrulhar pra impregnar fantasia.

Julho dos mantras incompreensiveis faz falta, mas sempre chega, com seu zunido de abertura, o carnaval dos ventos continentais na nossa avenida, flautas doces e violoncelos, escondidos por entre as camadas de roupa da rotina de meio-ano, com seus dedos a estalar rampas e descidas, um som indecifravel, língua de esperança, talvez veneno, talvez preciso, dando movimento aos desesperados, dança e dança. O pelotão das coisas imprevisíveis e coronárias se aprochega, profundo pra queda que deve se tomar, meditação para elevar-se, não santo, mas sim para vivente. Falta pouco, está quase aí.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

sobre aquele inconfundível e soberano

A pobre sequer degustou o prazer do entendimento. Foi depois de uma reunião, sobre a campanha de uma empresa nova de palmilhas para tênis de atletismo. O moreno de rosto limpo e pele macia, pôs-se a sua frente, e começou a praticar barulhos; abaixou as janelas, trancou as portas, sapatiou no piso na esperança de se acalmar, e assim, com o peito a salpicar a camisa e as mãos a acharem lugar na testa de expressões exageradas pela primeira vez, disse numa rapidez estonteante “queria avisar que não posso aguentar isso, tem que acabar agora, esses olhos, não posso com esses castanhos”. E amenina de longos cabelos pretos, plano de fundo de mundo a construir, foi aí, que a graciosa abriu mais aqueles castanhos fogaréis circulares e não os desviou até que pelo menos sentisse que veria uma resposta, que no caso não veio assim pelo mesmo modo que a dúvida, através das palavras, mas sim por uma sensação viril e temida, que começou entre os braços foi desvanecendo até encontrar o limite dos pés com o chão. Lembrou de que, a semanas atrás prestava mais atenção no homem, único homem a usar gravata naquela agência, que estranho, tão moço e sem necessidade, quando se botava a pensar nos vôos dos segundos, quando percebia estava a delinear o rosto dele com as próprias vistas, assim sem perceber ou querer, apenas dando aos pensamentos a característica das velas em alto-mar, recordou que mesmo que seus turnos não coincidissem, o via diariamente nas memórias de encontros casuais no café, em entabulamentos no estacionamento e coisas do tipo, momentos em que nada falaram até porque não tinham o que falar, e mais até, fugiam dessa troca de vocabulário. Agora ele desapertava a gravata, pois tinha medo do nervosismo que mancha, a camisa, a pele, o tempo, e olharam ambos para o chão. A jovem, já entendida, deu a ele a concordância desejada “também não tenho tempo para desvios, quero viver tranquilamente sem alguém que fique dentro de meus pensares a dar expectativas, não posso continuar a ter que corresponder a altura de teus olhares”, e logo sentou-se, assustada do que acabara de falar, vindo de lugar que desconhecia, pasma estatuou-se. O moreno surpreendido, porque palavra praquilo tudo não tinha escolhido antes, e as ditas, lhe pareciam sem sentido, mas por natureza desconhecida as dela o faziam algum sentido, por um instante ficou aliviado e imaginou borboletas a decorar a sala e um refresco a acobertar o corpo. “Pois bem, está combinado, vamos parar por aqui”, “Claro, acho melhor, é o que mais queremos”, “sem nervos tensionados e respiração abreviada”, “sem olhadas inesperadas, sem porque através dos arquivos”. Fartos de tanto comprometimento mútuo, felizes estavam ambos. Tanto é que no ato de selar aquele acordo, deram-se as mãos imediatamente, ato que fez o sorriso antes selado no rosto amolecer vagarosamente, pois, coisa que o moreno não tinha pensado, é que ela entendeu completamente, coisa só possível se ela sentisse o mesmo completamente, coisa que só é possível, se aquela fascinação não fosse só dele apenas, mas daí já era demais, quando ambos perceberam isso, as mãos já tinham ido ao encontro uma da outra, e na pele sem distância, nenhum sucesso teriam em tentar afastar um problema bem menor, que era o instinto dos olhos.
De volta a escassez das palavras, foram pegos.