terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uns Trópicos

seguindo a rua despercebida, vê-se a casa de dona Jade ainda reluzente desde que essa foi dessa para uma pior, morar com seu Cláudio, três casas a frente. notando as pedras separando-se do solo, é preciso muito cuidado para não tropeçar e cair num desses poços com tudo que há de desgosto que preenche os inúmeros buracos desse caminho cada vez mais incaminhavel.cuidado com as crianças pois seus pais não as cuidam, e há muitas pedras que podem ser arremessadas por um hormônio dissimulado, é então sugerido perícia para não interferir no jogo de futebol no terreno baldio à esquerda.olhando atentamente para onde dirigisse os senhores sem camisa e graxa no final do dia, você saberá onde seu Cláudio faz dividas com o diabo, no buteco de madeira as que não caíram, onde não há comida e nem as mulheres são comestíveis e por isso elas bebem e bebem.nas quinta-feiras é dia de programa de auditório na TV e o povo todo se arruma pra fazer um churrasco, para muitos única refeição da semana, e falar da vida dos que já foram, e fazer um bolão para acertar que está mais perto de ir.ao lado da padaria que não vende pão, só cerveja, mora Dona Matilde que carinhosamente ganhou o apelido de a louca. matilde era a abelha rainha da casa de moças da avenida de detrás onde Jade ganhou esse nome Jade, levando ao esquecimento seu carimbo de RG, Cleonice Silvaviveiros. agora, aposentada, regular, depois que os homens da lei invadiram essa vez com arma, eles normalmente iam para lá e depois de ter pago ficavam armados, alegando falta de avara, Dona Matilde deu para vender ervas Medicinais.claudio freqüentemente trata-se com Dona Matilde, o velho alemão tem uma oficina duas quadras antes onde monta e desmonta carros, velhos, usados, roubados, que seja. Nos dias festivos da igreja é sugerido muito respeito ao andar por essas bandas, pois a musica mais tocada é da memória dos homens que os santos não agiram com seu milagre. As mulheres levam os homens para passear cedo em na igrejinha miúda no centro da rua, onde o padre escova os dentes com cachaça, alegando que o problema da falta de água encanada já está sendo negociado com os governantes.há também uma escola. Dizem que há uma escola, mas o fato é que mal sabem onde é, que já virou uma espécie de Oz, de tão longe e mitológica. alguns pedem coragem, outros um corpo de mulher, á os que pedem um emprego, livrar-se das mulheres, e ganhar uma mira melhor pra próxima invasão da policia.Há os que pedem estudar. acordam cedo depois de andar dormindo da serralheria a casa, onde tomam um banho, como Igor, o filho do comunista Afonso ex-marido de Jade, que caminha alguns belos kilometros com a companhia do sol surgindo e as velhas canções sertanejas do radio, para então ser alfabetizado e entender a lógica social sugerida pelos livros do pai, que orgulha-se de aos 13 anos, já ter um operariozinho soviet em casa, e já pensa em dar-lhe um brinquedinho e balas, para revolução, no seu aniversario.há também um cemitério ali pertinho onde há flores que o vento trás. hoje passou uma procissão, levando um caixão e eu aprendi a confiar mais em Dália, quando disse que aqueles estouros não eram trovões os explosão de gerador. dália me apertou forte e pediu desculpa por eu entrar em um mundo infértil de sonhos.seu Cláudio foi levado pelos seus amigos ainda fedendo a álcool do ultimo truco da noite, pelas senhoras de preto com expressões enterradas no rosto de tão pesadas, pelas mulheres que ele já sentiu-se homem, incluído Jade que o fez sentir-se pessoa.falei a Dália que precisava trabalhar e ela disse, peguei a farda azul, e ela disse que o pessoal iria gostar ainda menos, especialmente hoje, de contemplar uma farda azul perto de um morto. sugeriu-me as Ervas medicinais de Dona Matilde, as quais aceitei com gosto. os meninos da quadra continuavam seu jogo sem empate, com a sola dos pés entre os buracos de asfalto aparadas, enquanto o sol ocupava as poças de água de um esgoto que não secou, enquanto, as apostas rolavam nos bares e Jade berrava olhando a cima, algumas quadras depois da casa de dália avia uma avenida grande, seguindo de uma estrada na aconselhável a jovens motoristas, mais a frente uma cidade que não protege, com um governo que não governa e uma Tv de ultima geração, onde Claudio apareceu por 30 segundos em uma nota do jornal do almoço, para não embrulhar as barrigas grandes dos restaurantes inflados, logo antes do comercial de secador de cabelos portátil.